OS POUCOS LIVROS QUE LI NO ANO DE 1990 - 4ª SÉRIE - PROF. LEILA
- Spharion - Lucia Machado de Almeida
- O Escaravelho do Diabo - Lucia Machado de Almeida
- Tonico - José Rezende Filho
- O Feijão e o Sonho - Orígenes Lessa
Meus estudos de línguas estrangeiras sempre se basearam nos materiais dos quais eu tinha acesso lá em Campos do Jordão, através das bibliotecas públicas e escolares. Meu maior sonho, quando adolescente, era ter condições para comprar bons métodos e bons cursos, até mesmo os Cursos de Idiomas Globo. Mas aprendi com meu avô que para se falar idiomas só dependia de ouvir; para ler e escrever só era necessário disciplina, dicionários, papel e lápis. Foi então que conheci o Método Assimil.
Era um material que tinha muitas lições, cerca de 100 por livro. Os afortunados os tinham com LPs, fitas cassettes e seus respectivos áudios. Os meros mortais só podiam contar com as trancrições de pronuncias das páginas pares, uma vez que nas páginas ímpares se lia o texto da "Língua Alvo"
Ainda quando eu era um aluno da graduação de Linguística, tive o imenso prazer de fazer parte de uma equipe de revisão técnica da Editora Hedra, na confecção do que seria o primeiro dicionário livre da Língua Portuguesa.
"O Minidicionário Livre da Língua Portuguesa é a primeira obra de referência impressa sob as licenças Creative Commons (CC-BY-NC), permitindo ao leitor reproduzir, distribuir e modificar seu conteúdo, desde que não faça dele uso comercial e mencione sempre o nome do autor. Com 35 mil verbetes, o dicionário conta ainda com divisão silábica, indicação de pronúncia e grafia dos plurais irregulares, além da maioria dos nomes de grupos e línguas indígenas do Brasil, geralmente não dicionarizados."
Sempre gostei da Lexicografia e ainda quando criança passava horas lendo os dicionários que me chegavam às mãos. Na faculdade, tive a felicidade de ter contato com dois excelentes doutores (Waldemar Ferreira Netto e Rosane de Sá Amado), que me abriram as portas para aquilo que seria minha primeira expericência no ramo editorial de dicionários.
Com o vento gelado me recebendo
com seus sopros andinos, chego a Santiago, perdido com os cartões de créditos e
cartão de embarque – recebo os olhares desejosos de chilenos preocupados com
meu trânsito até o hotel, arranhando o falível castelhano de vinte anos atrás, livro-me
das garras e saio em busca de um café – preciso recobrar-me do sono pesado –
ainda ontem eu gritava pelos corredores estreitos, esverdeados e descascados de
um andar gradeado, como se temessem que o conhecimento fugisse daquelas curvas
paredes – o cheiro do líquido negro invade minhas narinas, esquentando a alma e
enchendo de felicidade – a frieza própria dos terminais aéreos me acalentava
como dizendo que essa seria “a viagem” –
um périplo – um reencontro – sim um reencontro comigo que há muito viajou viagens
alheias, guiou passeios de terceiros e serviu de intérprete das sedes de outrem.
Limpo a garganta, agarro firme a valise
cheia de roupas, me dirijo ao balcão e peço um táxi para o centro de Santiago,
totalmente desconectado do mundo, sem wi-fi e nem chip local, “Me gustaría un
taxi a RQ Hotel, por favor?!”
...
*Mil pesos por seus pensamentos
Quando crescer quero ser poeta…
Pra escrever poemas de amor.
Compor seis melodias,
Dedicá-las ao meu amor.
Inventar até simpatias,
e sonetos falando de dor.
Quando crescer quero ser poeta...
Viver em verso e prosa.
Conversar com as estrelas,
e também com gente famosa.
Morrer sem nunca entendê-las,
cheirar a perfume de rosa.
Quando crescer quero ser poeta...
Escrever uma peça, dois romances.
E até mesmo um bom ensaio,
não perder as melhores chances.
E tirar férias no mês de maio,
pra fazer alguns “free-lances”
Quando crescer quero ser poeta...
E fazer as coisas assim.
Ser chamado de louco varrido,
plantar um pé de jasmim.
Não ser muito bom do ouvido,
deixar que falem de mim.
Quando crescer quero ser poeta...
Viajar para a Europa.
Conhecer o Brasil inteiro,
torcer em ano de copa.
Ir morar no Rio de Janeiro,
ou então no Bairro da Mooca.
Quando crescer quero ser poeta...
Fazer uma autobiografia.
Me apaixonar perdidamente,
por Carlota ou Maria.
Ser feliz completamente,
dentro da minha filosofia.
Ah! Quando crescer quero ser poeta...
Viver a vida por completa.
Eis minha grande meta ,
crescer e virar poeta.
Dezembro de 1997 - Jacareí - São José dos Campos - ainda trocando cartas c Flavia