Com o vento gelado me recebendo
com seus sopros andinos, chego a Santiago, perdido com os cartões de créditos e
cartão de embarque – recebo os olhares desejosos de chilenos preocupados com
meu trânsito até o hotel, arranhando o falível castelhano de vinte anos atrás, livro-me
das garras e saio em busca de um café – preciso recobrar-me do sono pesado –
ainda ontem eu gritava pelos corredores estreitos, esverdeados e descascados de
um andar gradeado, como se temessem que o conhecimento fugisse daquelas curvas
paredes – o cheiro do líquido negro invade minhas narinas, esquentando a alma e
enchendo de felicidade – a frieza própria dos terminais aéreos me acalentava
como dizendo que essa seria “a viagem” –
um périplo – um reencontro – sim um reencontro comigo que há muito viajou viagens
alheias, guiou passeios de terceiros e serviu de intérprete das sedes de outrem.
Limpo a garganta, agarro firme a valise
cheia de roupas, me dirijo ao balcão e peço um táxi para o centro de Santiago,
totalmente desconectado do mundo, sem wi-fi e nem chip local, “Me gustaría un
taxi a RQ Hotel, por favor?!”
...
*Mil pesos por seus pensamentos
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