terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A origem da língua portuguesa - parte I



“Não fala com absoluto rigor quem diz que o português provém do latim. Rigoroso é dizer que o latim continuava a existir no português, modificado evolutivamente segundo leis orgânicas que sofrem exceções apenas quando outras leis de maior força atuam nelas” (Lições de Filologia Portuguesa, edição da ‘Revista de Portugal’, 1956, p. 6 – VASCONCELOS, Carolina Michaëlis)

Os primeiros a povoar a região, onde hoje chamamos de Portugal e Espanha, foram os celtas e iberos. Estes celtiberos dominaram as regiões da Lusitânia por serem fecundas e  destes povos sobraram alguns nomes portugueses na língua.

- Coimbra – (Conimbriga)
- Douro – (Durius)
- Vouga – (Vacua)

Posteriormente chegaram à Península Ibérica os nautas fenícios, gregos e cartagineses, por lá se estabeleceram porque existiam muitas possibilidades de mercados e o povo era muito amistoso. A união de sangue destes povos em terras lusitanas foi formando inúmeras tribos e se espalharam pelo território, havendo predominância de celtas na faixa onde hoje se encontra o Estado de Portugal. Estas paragens muito fecundas e salutares aguardavam sua romanização no III século antes de Cristo.

A Romanização da Península Ibérica.
Durante a segunda Guerra Púnica – 218 a.C. a 201 a.C. (Bellum Punicum Secundum), os romanos, sob o comando de Cornélio Cipião (Publius Cornelius Scipio), tiveram que invadir a península, levados por duplo intento. O primeiro era o de atender aos pedidos de socorro de Sagunto, cidade grega atacada pelos soldados cartagineses. O segundo motivo foi o de derrotar Aníbal (Hannibal Barca) que, nessa época, arruinavam os melhores interesses dos romanos nos campos italianos. Os ataques deste general ameaçavam seriamente Roma e suas conquistas.
Assim, com estas investidas dentro da Ibéria, a conquista da Ibéria pelos romanos custou cerca de duzentos anos. Em princípio, nas regiões do sul e da costa oriental, área mais civilizada e cosmopolita, as ações de romanização se deram de forma tranquila e fácil. Por outro lado, foi muito difícil quando os romanos se viram ante as povoações mais severas e vigorosas da região norte. As rijas povoações selváticas do norte só foram dobradas entre os anos 26 e 18 a.C., permanecendo em poder de Roma, exceto uma faixa de terra ao norte de Portugal.
A romanização se fazia de modo fácil ao oferecer estradas magníficas, escolas públicas, explorações mineral de forma organizada, a criação de uma legítima cidade romana com belos templos, casas de banho, uma estrutura comercial arranjada, sem dizer do serviço de correios. Estas benesses todas foram essenciais para a rápida assimilação do povo ibérico. Exceto por dois aspectos, caros aos romanos, no qual os romanos eram intransigentes. A estes dois aspectos trataremos em “post” futuro.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

des - ligalize

tenho lido muitos comentários sobre a legalização de drogas sintéticas na Colômbia: Já que qualquer um emite opinião. Vai lá a minha: o que faremos com todos os presos que encarceramos nos últimos 30 anos?(Nem todos eram usuários, grande parte era traficante) Indenizaremos com quais recursos? Os traficantes então vão andar na linha? Pagar impostos e contratar com carteira assinada, garantindo seguridade social? Olhem as consequências? O tratamento deve ser garantido para quem precisar e desejar? O uso de Drogas é questão de saúde pública, assim como vício em tabaco, nicotina e também em álcool. Se há uma lei e uma força social coibindo o uso destas, porque facilitar o consumo daquelas. Descriminalizar o usuário sim, legalizar a venda não. Mas legalização vai acabar criando uma nova elite social, serão aqueles que se tem combatido nos últimos anos. Penso ser muito perigoso.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Lima Barreto



Sou Alberto Ribeiro, xará convicto de um grande sambista, e confesso ser ouvinte do bom e velho samba. Comemorei aos 20 de janeiro minhas bodas com Lilian e por causa desta data ganhei  vários presentes de minha amada pela comemoração do 6º ano de casamento. Um belo relógio e uma super-caixa organizadora, um box Lord of the rings e um singelo livrinho de Lima Barreto - Recordações do Escrivão Isaías Caminha. Lembrei de já ter ouvido um bom samba-enredo, nos idos de 1980 e que tinha como letra a vida deste autor. Com tristeza da época em que eu era um estudante das letras, não me lembro de ter visto muitos estudos sobre este autor. Pode ter sido falha minha e sempre achei que fossem mesmo minhas falhas que me impediram de ler a literatura. Nunca acreditei que pudesse haver estudo literário se, primeiramente, não tivéssemos lidos as obras. Mesmo afirmando tal premissa, perdi a conta das vezes que fui para análise de obras após leitura superficial e sugando os comentários dos "scholars". Envergonho-me. Foram trabalhos sofríveis, outras vezes trabalhos bem avaliados. Contudo, o que seria da literatura caso não tivéssemos tempo hábil para lê-la. Fugiu a oportunidade de conhecer profundamente Lima Barreto. Sei da sua biografia, conheci suas tragédias, já até mesmo comentei-as em sala. Enfim, hoje comecei a ler  - Recordações do Escrivão Isaías Caminha. Aproveitando que o povo se prepara para o carnaval e honrando o nome carnavalesco que tenho, convido-lhes para acompanhar-me nesta leitura. Ouça também este samba-enredo e percebam seu cariz diferente dos sambas atuais. Bom divertimento!


BBB 13

Um novo herói para aqueles que deles precisam. Encontrem-se nestes. Não há impossibilidade alguma em viver sendo paparicado.


O grande Gilgamesh (Gilgamexe). As grandes explorações sumérias  cristalizaram nas famosas lendas em torno das maravilhosas viagens  do herói Gilgamexe em busca de uma imortalidade que sem dúvida alcançou, visto ainda hoje o envocarmos, decorridos cinco mil anos. (5.000)

Fontes <http://pt.wikipedia.org/wiki/Gilgamesh>
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Gilgamesh>

sábado, 26 de janeiro de 2013

Nunca conheci outro lugar




Nunca conheci outro lugar.
só visitei.
quando criança cria em Deus,
na tv, nos sonhos e, tolamente,
que conheceria o mundo.

Saía pela porta da cozinha,
descia os escadões da vila,
cruzava as ruas repletas de carros
velhos, parados, em eterna manutenção...

Isto me mostrou a velocidade,
ensinou-me a propriedade.
Fez a dinâmica me atravessar,
consertando tudo aquilo que errava.

O cheiro dos cafés que ebuliam nos bares
marcava na memória que a
manhã acontece preguiçosamente.
-Bom-dia, seo Mário!
-Dia?... nunca entendi o dia.

O campo de futebol encharcado,
poços, coaxar dos sapos e
cascalhos, muitos cascalhos.
Um futuro asfalto, sonhava a ruazinha de barro.
Pretenciosamente almejava que
gostaríamos de progresso.

Queria conhecer São Paulo,
o Rio, o estrangeiro quem sabe.
peguei um “pareio” de roupas
Paguei uma passagem de ida,
chorei a distância das curvas e
o enjoo do meio da serra.
Para visitar o mundo e
conhecer cada vez mais o lugar
que me pariu, criou, alimentou

Hoje visito o mundo, passeio por ele
e conheço intimamente as vielas, as casas sobre casas
entendo que pelo resto mundo só posso
passear...

Alberto Ribeiro Rosa Júnior - 2010

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Dare to be wise




"DARE TO BE WISE

At the other end of the world is a University' which has adopted for its own the motto which best expresses the nature of a University : Sapere Aude. It is of the duty laid on our Society to follow this injunction that I wish to speak.

Our object is to promote discussion upon religion, philosophy, and art. And in discussing religion and philosophy there is a special significance in the
command, Dare to be wise. In seeking truth of all sorts many virtues are needed, industry, patience, humility, magnanimity. And courage also is often
needed in the search, since the observer of nature must often risk his life in his observations. But there is another need for courage when we approach religion and philosophy.

And this need comes from the tremendous effect on our own welfare, and the welfare of our fellow beings, of those aspects of reality with which religion and philosophy are concerned. This effect is, in the first place, a characteristic of that reality, the problems about  which would usually be called religious. But it spreads to all philosophy, for there is, I think, no question in philosophy not even among those which border closest on logic or on science of which we can be sure before- hand that its solution will have no effect on the problems of religion.

The profound importance to our welfare of the truth on these questions involves that our beliefs about those truths will also have a great importance for our welfare.
If our lives would gain enormously in value if a certain doctrine were true, and would lose enormously'in value if it were false, then a belief that it is true will naturally make us happy, and a belief that it is false make us
miserable. And happiness and misery have much to- do with welfare.

The practical importance to our lives of these matters has not always been sufficiently recognised of late years. This error is due, I think, to excessive reaction from two errors on the other side.

The first of these errors is the assertion that, if certain views on religious matters were true, all morality would lose its validity. From this, of course, it would follow that all persons who believed those views and yet
accepted morality would be acting illogically and foolishly. That this view is erroneous seems to me quite clear. Our views on religious questions may affect some of the details of morality the observance of a particular day of rest, or the use of wine or of beef, for  example. But they are quite powerless either to obliterate the difference between right and wrong, or to
change our views on much of the content of morality.
At least, I do not know of any view maintained by any-one on any religious question which would, if I held it, alter my present belief that it is right to give water to a thirsty dog, and wrong to commit piracy or to cheat at
cards.

Another form of this same error is the assertion that certain beliefs on religious matters, though they might not render morality absurd, would in practice prevent those who accepted them from pursuing virtue per-
sistently and enthusiastically. This view seems refuted by experience, which, I think, tells us that the zeal for virtue shown by various men, while it varies much, and for many causes, does not vary according to their views
on religious matters. The men who believe, for example, in God, or immortality, or optimism, seem to be neither better nor worse morally than those who disbelieve in them.

The second error is the view that certain beliefs on religious matters would destroy the value, for those who accepted the beliefs, of many of those parts of experience which would otherwise have the highest value.
Tennyson, for example, maintained that disbelief in immortality would destroy the value of love, even while life lasted :

And love would answer with a sigh,
The sound of that forgetful shore
Will change my sweetness more and more,
Half-dead to know that I shall die. 1

Here, again, it seems to me, there is certainly error. Our views as to the ultimate nature and destiny of the  universe may affect our judgments as to the generality  of certain forms of good, or as to their duration, or as to
the possibility of their increase in intensity hereafter.
But I do not see how they can affect our judgment of the goodness of these good things, as we find them here and now. Indeed, if we do not start with the certainty thatlove for an hour on earth is unconditionally good, I do
not see what ground we should have for believing that
it would be good for an eternity in heaven.

These views, then, I admit to be errors, and those do well who reject them as errors. But the reaction from them, as I said, goes sometimes too far, and leads to a denial of the practical importance of the problems of religion. And this is, again, a great mistake. Whatever may be the true answer to the problems of religion, good will be different from bad, and right from wrong,
and much of what we do and feel in this present life will be good, and much will be bad. But if we ask how much good exists in the universe and how much bad ;

if we ask if the main current of the universe is for right, or for wrong, or indifferent to both ; if we ask what is the eventual destiny of the universe or of ourselves all these questions must be answered one way or the other
according to the solution we adopt of religious problems, and of those problems of philosophy which bear on religion. Are there any questions which affect our welfare more than these? It is true that what primarily affects our welfare is the truth on these matters, and not our knowledge of the truth. But a belief that things are well with the world brings happiness, a belief that things are ill with the world brings misery. And this involves the intense practical importance of our beliefs on the problems of religion.


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

CENA CARIOCA

LEIA ATENTAMENTE:

Carlos Drummond de Andrade

Quando a senhora foi descer do lotação, o motorista coçou a cabeça:
-Mil cruzeiros? Como é que a senhora quer que eu troque mil cruzeiros?
-Desculpe, me esqueci completamente de trazer trocado.
-Não posso não, a madame não leu o aviso - olha ele ali - que o troco máximo é de 200 cruzeiros?
-Eu sei, mas que é que hei de fazer agora? O senhor nunca esqueceu nada na vida?
-Quem sabe se procurando de novo na bolsa...
-Já procurei
-Procura outra vez.
Ela vasculhava, remexia, nada. Nenhum cavalheiro (como se dizia no tempo de meu pai) se moveu para salvar a situação, oferecendo troco ou se protificando a pagar a passagem. Àquela hora, não havia cavalheiros, pelo menos no lotação.
-Então o senhor me dá licença de saltar e ficar devendo.
-Péra aí. Vou ver se posso trocar.
Podia. Tirou do bolso de trás um bolo respeitável e foi botando as cédulas sobre o joelho, meticulosamente.
-Tá aqui o seu troco. De outra vez a madame já sabe, heim?
Ela desceu, o carro já habia começado a chispar, como é destino dos lotações, quando de repente o motorista freou e botou as mãos a cabeça:
-A Abobrinha! Ela ficou com a abobrinha!
Voltando-se para os passageiros:
-Os senhores acreditam que em vez de guardar a nota de mil, eu de burro, devolvi com o troco?
Botou a cabeça fora do carro, à procura da senhora, que atravessava a rua, lá atrás:
-Dona! Ô dona! A nota de mil cruzeiros!
Ela não escutava. Ele fazia sinais, pedia aos transeuntes que a chamassem, o trânsito entupigaitava-se, buzinas soavam:
-Toca! Toca!
Os passageiros não pareciam interessados no prejuízo, como antes não se condoeram do vexame da senhora.
-Como é que eu posso tocar se perdi mil cruzeiros, gente? Quem vai me pagar esses mil cruzeiros?
Encostou o veículo, e, num gesto solene:
-Vou buscar meu cabral. A partir deste momento, confio este carro, com todos seus pertences, à distinção dos senhores passageiros.
-Deixa que eu vou - disse um deles, um garoto. E precipitou-se para fora, antes do motorista.
-Será que esse tiquinho de gente consegue?
Via-se o garoto correndo para alcançar a senhora, tocando-a pelo braço, os dois confabulando. Ela abria de novo a bolsa, tirava objetos, o pequeno ajudava. Enquanto isso, o motorista queixava-se.
-Esta linha é de morte. Primeiro querem que a gente troque um conto de réis, como se o papai fosse o Tesouro Nacional ou Banco do Brasil. Depois carregam o troco e o dinheiro trocado, que nem juros. Essa não! E esse garoto que não acaba com a conversa mole, sei lá até se ele volta.
Os passageiros impacientavam-se com a demora da expedição. O guarda veio estranhar o estacionamento e recebeu a explicação de força-maior, quem é que me paga meus mil cruzeiros? O Serviço de Trânsito?
O garoto volotu sem a nota. A senhora tinha apenas 982 cruzeiros, ele vira e jurava por ela.
-Toca! Toca!
-Tão vendo? Um prejuízo desses antes do almoço é de tirar a fome e a vontade de comer.
Disse em tom frio, sem revolta, como simples remate.
E tocou. Perto do colégio, o garoto desceu, repetindo, encabulado:
-Pode acreditar, ela não tinha mesmo o dinheiro não.
O motorista respondeu-lhe baixinho:
-Eu sei. Já vi que está ali debaixo da caixa de fósforos.
Mas se eu disser isso, esse povo me mata.